Suor frio, tremores, voz instável, boca seca e branco na memória: que atire a primeira pedra quem nunca se perguntou como evitar o nervosismo ao falar em público por acabar sempre desperdiçando aquela oportunidade de emprego, de negociação ou por não conseguir se fazer entender em uma palestra importante.
Falar bem em público, na atualidade, é uma das habilidades mais indispensáveis para se dar bem na vida acadêmica e em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, mas as vantagens de ser um bom comunicador extrapolam essas finalidades.
Adquirir desenvoltura, articulação e postura de credibilidade tem o potencial, não só de melhorar suas relações interpessoais, mas de transformar até mesmo a forma como você se enxerga.
O post de hoje é para você que quer aprimorar a oratória e naturalizar esse gesto de uma vez por todas. Acompanhe!
O medo é fisiológico
Quando o nosso corpo se sente ameaçado, uma via chamada sistema simpático é ativada promovendo alterações fisiológicas que nos preparam para a reação de luta ou fuga, e é exatamente assim que nos sentimos quando estamos de frente para uma plateia que aguarda ansiosamente para nos ouvir.
Entre essas alterações estão a aceleração do batimento cardíaco, a dilatação da pupila, a ativação das glândulas sudoríparas e o aumento dos níveis de adrenalina e cortisol, hormônios ligados ao estresse. Embora esse seja um processo involuntário e comum a todos os seres humanos, há condutas para evitar o nervosismo ao falar em público.
Conheça seus anseios
O primeiro passo é trabalhar o autoconhecimento e entender exatamente o que causa o medo irracional de ser julgado pelo público. Algumas causas comuns são:
- situação traumatizante ou rejeição vivenciada anteriormente;
- transtornos de imagem quando há algo na sua aparência ou jeito que o incomoda, e você gostaria que os outros não percebessem;
- baixa capacidade de memorização e medo de esquecer o que deve ser falado.
Isso é importante, porque permite que você exercite pontualmente aquilo que causa insegurança e elimine o problema pela raiz, por exemplo, vestindo-se de forma que o deixe confortável ou investindo mais tempo no estudo da sua fala.
Algumas pessoas sentem-se mais seguras para falar após advertir o público que estão nervosas ou fazendo algum tipo de humor sobre isso, o que cria uma relação de horizontalidade e ajuda a eliminar julgamentos. Por isso, conheça os seus pontos fracos e aprenda a valorizar seus pontos fortes!
Assuma uma postura de poder
A pesquisadora Amy Cuddy, de Harvard, divulgou trabalhos sobre como evitar o medo de falar em público por meio da postura. Seus experimentos mostraram que, em diversas espécies do reino animal, o poder é expresso por meio de gestos mais expansivos e que esse tipo de linguagem não verbal afeta não apenas o interlocutor, mas o próprio indivíduo.
Grandes líderes e indivíduos poderosos tendem a adotar uma postura mais alongada, descontraída, e se expõem mais ao risco. Por isso, estão mais aptos ao pensamento abstrato e são mais bem avaliados pelo público.
Já as pessoas que não se sentem poderosas, mas inseguras, adotam uma postura mais fechada, com braços cruzados, ombros encolhidos, e tocam com frequência o pescoço enquanto falam, na tentativa de autoproteção, chamando mais atenção para o desconforto que para o próprio conteúdo da fala.
De acordo com a cientista, o exercício de se colocar em posição “de poder” — de pé com as mãos na cintura e o peito estufado, por exemplo — por dois minutos tem a capacidade de aumentar o nível de testosterona, o hormônio da confiança, e diminuir o de cortisol, o hormônio do estresse. Essa postura corporal, em tese, traz mais tranquilidade para a fala, fazendo com que seu discurso seja mais autêntico, cativante e entusiasmado.
Cuddy explica, ainda, que algumas pessoas podem ficar desconfortáveis com essa técnica por se sentirem impostoras, uma farsa ao fingir segurança como se não pertencessem àquele lugar de fala. Nesse sentido, o conselho da pesquisadora é claro: “Don’t fake until you make it, fake it until you become it”, isto é, não finja até que você consiga simplesmente executar a tarefa; finja até que o seu cérebro seja reprogramado pela postura e você se enxergue de fato como alguém poderoso.
Respire corretamente
O bom e velho “respire fundo” nunca decepciona. Se o sistema simpático manda que o corpo acelere a respiração diante de uma situação de tensão, forçar a sua desaceleração pode ser um gatilho para barrar e reverter os sintomas de luta ou fuga que estão aparentemente fora do nosso controle.
A técnica milenar chamada de Pranayama ensina uma modalidade de respiração coerente que consiste em:
- posição confortável, apoiando as mãos sobre a barriga, na altura do umbigo;
- inspirar pelo nariz lentamente, expandindo a barriga e contando até 5;
- fazer uma pausa;
- expirar pelas narinas lentamente enquanto conta até 6;
- repetir esse padrão durante 10 a 20 minutos por dia.
Em um ciclo respiratório ideal, você deve preencher todo o pulmão de ar, movimentando menos o peito e mais o diafragma ao inspirar. Respirar lentamente transmite ao sistema nervoso central a sensação de que está tudo bem, ativando o sistema parassimpático que faz antagonismo com os sintomas da ansiedade e reduz os níveis de cotisol.
Assim, você vai se sentir mais tranquilo, o que ajuda na organização das ideias, e evitará falas atropeladas ou a sensação de falta de ar.
Atente para forma, conteúdo e prática
É verdade que estudar e conhecer bem um discurso nos deixa muito mais tranquilos do que quando existe a possibilidade de ser necessário improvisar. Por isso, é ideal que o seu discurso seja algo compatível com seus valores e que se trate de algo em que você realmente acredita e domina. Assim, é mais fácil conquistar o interesse do seu interlocutor.
Mas conteúdo não é tudo: para falar de forma que as pessoas queiram ouvir é necessário uma técnica, que passa pela reeducação da respiração e da fala para que o ritmo, o timbre, a profundidade da voz, a ênfase, o volume e o uso adequado do silêncio soem atrativos, proporcionando uma fala qualificada e uma escuta ativa.
Exercícios como ler em voz alta são facilmente executáveis em casa e ajudam a aprimorar essas técnicas, mas você pode obter um progresso ainda mais rápido procurando cursos de oratória desenvolvidos especificamente para o seu objetivo, seja ele concurso público, campanha política, comunicação empresarial ou melhoria de distúrbios vocais e gagueira.
Se você já sabe como evitar o nervosismo ao falar em público, tem boa desenvoltura durante apresentações, mas ainda tem dúvidas sobre estruturação de discurso ou teme não saber responder a questionamentos, visite o nosso blog e confira o post sobre como argumentar sob pressão.